terça-feira, 20 de setembro de 2011

1 Month Ago...


(...)
— É que eu tenho medos, sabe? Medo de que as coisas não dêem certo, medo de não ser o momento, sei lá...
— Eu sei, entendo você. Eu também tenho esses medos. Mas sabe, e eu vou falar por mim agora, eu não quero deixar que o meu medo me impeça de viver tantas coisas felizes que estão acontecendo, entende? Eu não queria mais ter tanto medo do que quer que seja, quero dizer, eu não sei do futuro, sabe? Não sei o que pode acontecer amanhã, e a única chance de saber é não me apegando a esses temores, entende?  
— É, eu concordo com você...
— Não estou aqui falando em promessas e votos de pra sempre, sabe? Não quero construir ilusões nem prever o futuro porque eu não tenho essa habilidade. Estou olhando pro presente, e o meu hoje está tão bom, que há alguns dias eu venho me perguntando: por quê não? 
— Mas é que sei lá...Quer dizer... Na verdade eu nem sei o porquê de eu estar discutindo isso com você se eu concordo com tudo o que você disse. Você está certo e eu nem tenho como negar isso.
— Eu não sei bem se é questão de discordar ou concordar. Mas é que a gente nunca sabe qual é a chance da vida da gente, e se a minha chance for essa eu não gostaria de deixar ela passar, não quero que no futuro eu olhe pra trás, me lembre de você e me pergunte como eu poderia ter sido feliz, sabe? 
(...)
— E se eu te pedisse em namoro agora?
— Eu aceitaria!
— Bem, então...
Passei pelo menos dois dias tentando articular essa conversa. Imaginando expressões, momentos certos para o que quer que fosse e até respostas para qualquer réplica que você me lançasse. Pensei em mil maneiras de te falar tudo, de te dizer o que eu sentia e de como eu desejava que as coisas fossem dali em diante. Tinha medo de pular qualquer etapa, de me precipitar e perder tudo de tão especial que nós tínhamos até ali.
Os dias vinham seguindo numa tranquilidade e alegria que por alguns momentos parecia simplesmente inacreditável. Pouco a pouco você ia se tornando mais presente nos meus pensamentos e nossos momentos juntos carinhosamente recordados desde o primeiro deles.
Naquele momento, diante de você, enquanto toda a minha conversa mentalmente planejada ruía e dava lugar a um discurso improvisado, a minha mão tremia tímida e gelada sobre a minha perna de maneira que eu só conseguia perceber o quanto era bom estar contigo. Tudo o que eu mais queria era segurar a tua mão, te abraçar e assim permanecer por tempo suficiente para que fosse possível gravar cada detalhe do que estava acontecendo, para que eu pudesse sorrir cada vez que eu recordasse desse amor que estava por nascer.

— Bem, então o que você acha de nós... quero dizer... Você aceit...
— Ok,eu aceito!
Vinte de agosto, eu, perdido na minha fala confusa, tentava te pedir a chance de continuar retribuindo todo o bem que você estava me fazendo até que você me interrompe com um sim tão direto a ponto de me fazer feliz de uma maneira que eu nem lembrava mais ser possível de se sentir.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Reconstruindo Muros

E aí, por alguns instantes intermináveis, é como se o seu coração parasse. Confuso, você olha ao lado e não vê mais ninguém ali. Agora é só você e o que restou dos seus sonhos. Apenas dor, nada além de mágoa. Em pedaços você prende o choro, fecha a porta e sussurra o quanto é capaz de superar tudo isso. Então respira fundo enquanto aquelas fantasias aparentemente tão reais escorrem incessantes pelo seu rosto.
A gente sempre sabe que vai passar, sempre passa. O que não conhecemos é o quão profundas as marcas podem ser. Não há certeza de se a dor realmente deixa de existir ou se simplesmente nos acostumamos com ela. E até que o tempo dê essa resposta permanecemos latejando.
Sem que ao menos se perceba, o acaso se encarrega de sepultar aquilo que insistíamos em manter vivo. E lá está você esboçando um sorriso vacilante, de sinceridade tímida. Tomado pelo constrangimento quase familiar de um silêncio que te faz bem. Diante de medos sutis e dúvidas tranqüilas. Estranhamente alegre pela maneira inesperada como os acontecimentos tem se findado.
Aprender a ter os pés no chão quase nunca é fácil pra quem desde muito cedo se alimentou de sonhos  muitas vezes tão abstratos. Às vezes é difícil afrouxar os laços com algo tão inconstante como o futuro, para estreitá-los com um presente concreto. Mas se assim não for, como reconstruir os nossos muros?
Jamais descansaremos enquanto não entendermos que não podemos ter todas as respostas, que não importa o quanto somos fortes, nossas lágrimas ainda tocarão o chão de novo, e de novo. Nunca saberemos o que nos aguarda nesse futuro incerto enquanto continuarmos tentando juntar peças as quais só o tempo é capaz de encaixar.
Em algum momento a gente entende que aquilo que é palpável pode ser tão sublime quanto o idealizado, e que aquilo que é concreto pode vir a encantar da mesma forma. A diferença é que agora sabemos que direção seguir, e que por mais instável que seja o porvir, ele chegará quando aprendermos a viver um dia após o outro. 

sábado, 16 de julho de 2011

Entre O Sabor Da Novidade E A Opacidade Da Mesmice

É chegado o momento mais esperado do dia, enfim. Apressado ele se apronta para encontrar o ar lá fora. Apesar de estar cada vez mais contente com o seu trabalho, tudo o que ele queria era sair pela porta. Seu maior desejo era ouvir aquela voz há algum tempo tão familiar e desde sempre tão capaz de fazê-lo se perder de si mesmo. Exatamente como da primeira vez, talvez até mais forte, mas igualmente linda.
Sorridente, ele aguardava a chamada ser atendida, na expectativa de ouvir aquele “oi” que faz a gente sorrir por dentro, sabe? No intuito de ouvir qualquer história, de qualquer pessoa, de qualquer época, desde que fosse aquela voz que o narrasse. E lá estava ele, seu sorriso e o seu guarda-chuva sendo recepcionados com um carinho escondido em monossílabos, quase cansado.
E depois de ensaiarem aquela conversa repartida, comum, eles desligam o telefone, deixando com ele a indagação do que estava havendo de errado, numa indignação contida ele se perguntava para onde teria ido aquele entusiasmo, aquela alegria que ambos tinham um com o outro. Teria tudo ido embora a partir do momento em que a presença deles não era mais uma novidade?  
Sempre foi um tanto atrapalhado. Ansioso e desesperado, ele acabava falando muito, atropelando a si e aos outros nas palavras, como que numa tentativa egoísta de não deixar passar nenhum detalhe sequer. Mas independente de qualquer coisa, do que qualquer defeito que ele tem, seu amor esteve sempre aumentando, infinitamente maior e mais forte do que da primeira vez, sempre vê o mesmo sorriso como se fosse a primeira vez, e tenta sempre dizer o “eu te amo” como se fosse a última vez, para que seu amor seja sempre lembrado, para que seus frutos sejam sempre bons.
Recuso-me a corroborar essa anedota conformista de que só o novo é dotado de deslumbre, de que tudo com o tempo perde o seu encanto. Nego qualquer teoria que tire de mim o poder de temperar com novidade aquilo que já possuo. Porque se assim for, todas as minhas conquistas perderão o seu valor.
Sei que é a curiosidade que nos move, que nossos questionamentos e perguntas nos levam mais longe do que podemos imaginar. Porém, quando não restam mais porquês, quando eu percebo que já conheço cada palavra do teu sorriso, é que entendo que é a mim que cabe me deixar levar pela magia do que já tenho, pois se assim não for, do que valem nossas lutas?
O tempo pode ter o dom de envelhecer e tornar opaco tudo o que vemos nesse mundo. Mas o dom de te envelhecer, a capacidade de te tirar a cor que tens pra mim, só eu tenho. Por isso te mantenho a salvo e te protejo com tudo o que há em mim. Para que sejas para mim como uma novidade empolgante e motivante em cada batida do meu coração. 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobre Palavras Não Ditas e Abraços Não Dados

Às vezes as circunstâncias podem mesmo ser os piores algozes. Planejamos, sonhamos e até acreditamos, mas depois, na hora de por em prática, um mero detalhe faz com que todos os nossos desejos assim permaneçam; imaginados, impetuosos e lamentavelmente não consumados.
E eu, aqui no meu canto, eu até consigo imaginar os abraços carinhosos e desejos sinceros de alegria e paz que já recebesses neste teu dia.  E com isso, com a satisfação do tato, eu percebo o quanto os que te rodeiam são abençoados. Isso pelo prazer de estarem perto, de serem capazes de te olhar nos olhos e te fazer perceber o quanto és importante na vida daqueles que te amam e te querem bem.
Sabe, ainda há tanto a ser dito. Existe tanto que eu gostaria de dizer e fazer pra tornar esse momento ainda mais inesquecível, pra te fazer feliz. São tantos os meus sonhos, tantos!  E em todos eles tu estás presente, porque são pra ti também, agora os meus sonhos sãos teus, você sabe.
Preciso dizer que pra mim és o maior dos presentes, o melhor deles. Um presente sem o qual eu jamais serei inteiro, e cuja companhia eu nunca mais quero deixar de ter, porque já te misturastes a mim. Sabes, és parte de mim. Por isso sofro quando te machuco, porque quando te feres eu também sangro. E assim tento te guardar até melhor do que eu guardo a mim mesmo, pra que não sofras; pra que eu não sangre.
Preciso dizer que não há um dia em que eu não esboce um sorriso no rosto e agradeça pela dádiva da tua companhia. Pois em meio a este círculo torto que é a vida, depois de tantas voltas e tantas quedas que nos deixaram cicatrizes, eu te encontrei, e agora eu posso sorrir sem disfarces.
Já me ensinasses tanto, já se foram tantos sorrisos abraçados a um punhado de lágrimas, que mais do que nunca sei que és o melhor pra mim.
E digo-te mais, está próximo o nosso dia, e eu farei questão de te segurar as mãos, olhar nos teus olhos e dizer que, acima tudo, qualquer situação contigo será proveitosa, porque não há obstáculo maior que nossa determinação. E juntos, juntos nós somos fortes!

domingo, 17 de abril de 2011

Passos

Esse foi um dos presentes mais incríveis que alguém poderia ter me dado no meu aniversário, fiquei emocionado com as palavras e com todos os momentos recordados nas fotos colocadas. Lembrança do amigo que apesar da pouca convivência que hoje temos, continua sempre comigo!


"Queria te dar algo que fosse só teu, que ninguém tivesse igual, por isso humildemente decidi te escrever.
Esse texto é, antes de tudo, uma ode a tua vida e aos bons momentos dela que eu estive por perto,
assim espero que as mihhas palavras amadoras te falem tão alto quanto a mim falaram."

(Deyvon Pereira) 




sábado, 16 de abril de 2011

Nineteen

E quando a gente acorda percebe que nada está diferente.
Quantas vezes fui dormir imaginando o contrário? Receoso pelo que, na minha mente, estaria a me aguardar no outro dia, no meu grande dia? Eu era apenas uma criança e a magia de seu aniversário.
Fechava os olhos e desejava que o dia chegasse logo, não pelos presentes, mas pelo sabor de novidade que eu adquiria para as pessoas. Todos me olhavam e sorriam, e me afogavam em abraços, e festejavam... Eu levantava da cama escondido em um sorriso que só deixaria o meu rosto quando eu retornasse para ela, um momento que eu tentava adiar o máximo que eu pudesse.
A gente aprende tanto, algumas vezes até nos tornamos aquilo que não queremos. Mudamos tanto e curiosamente acabamos sendo a mesma pessoa. Lembro daquela lágrima escorrendo do meu rosto, dizendo vitoriosa que as coisas quase nunca vão acontecer da maneira como eu desejava. Foi aí que ela foi engolida pelo chão e me deixou novamente sozinho com a minha dor. Até hoje eu tento aprender essa lição.
É que a gente cresce e quer que a magia do aniversário continue a mesma e quando a gente acorda, quando percebemos que nada está diferente, onde esconder essa pequena frustração? Ainda se é a atração do dia, mas por que isso não parece suficiente? E aquele sorriso que me fazia esquecer de mim mesmo? Terá ele ido embora junto com o meu velho colchão?
Sei que se ainda há magia é porque vale à pena, mas ainda não estou pronto para soprar as velas do meu encanto e ver a carruagem do meu sonho voltar à forma de abóbora, eu ainda não me acostumei!
E essa diferença que tanto quero, esta que nos dias do meu passado era mesmice, é a que me lembra de que apesar do tempo me presentear esta realidade de dever ser responsável e forte, ainda me faz ver diante do espelho, além dessa barba fechada, a mesma criança de olhos fechados, pronunciando todos os anos a mesma expectativa: “Amanhã só vão faltar 364 dias!”

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Viagem Para Dentro De Si

E então o tempo pára. Os ruídos cotidianos vão sendo pouco a pouco abafados, como que indo pra longe. Os movimentos agora são quase inexistentes, o inconsciente trabalha rápido demais para esboçar qualquer ação. Agora, só corpo e olhar distante estão ali, estáticos, à espera de que a alma retorne de sua viagem para si mesma.
Cada inspiração é um momento lembrado, rapidamente deixado pra trás na tentativa de encontrar algum outro, não de alegria, não sorriso, à procura é por dor mesmo. E em meio a desesperança, quando se pensa em desistir, é que se acha. Lá estava ele, em meio a tantas coisas esquecidas, encostado na parede fria, sentado com seus joelhos dobrados, segurando o choro como desde muito cedo ensinara a si mesmo a fazer, se perguntando apenas o porquê.
A solidão era a sua única acompanhante fiel. Sentia falta daqueles amigos de infância que nunca existiram, já que os amigos de agora, nunca lhe viram muito de interessante, mas ele estava sempre lá, sorrindo das histórias contadas nos pequenos grupos, querendo ajudar, na tentativa de ser aceito. Infelizmente eles eram a melhor referência de amizade que as circunstâncias lhe permitiam ter até então, e ele só queria ser incluído, tudo o que ele desejava no fim das contas era fazer parte.
Ter diante de si aquela criança que desde sempre foi desajeitada, que tinha um jeito de ser muitas vezes incompatível com o da maioria, era como rever os sorrisos de chacota que atraia pra si. Era como ouvir novamente detalhe por detalhe daquelas piadas que pareciam não ter fim. Era recordar o sorriso sem graça que tantas vezes estampou-lhe o rosto, como que na tentativa de dizer “Eu não me importo!”
Diga-me, quem não se importa no fim das contas? Como não se deixar entristecer se cada deboche era um pedaço que lhe arrancavam? Como esquecer tudo? Eu sei que é fraqueza, não há como esconder. Mas encolha-me a mão aquele que é forte! Mantenha-me aqui, de joelhos nesse canto escuro, em choro seco, como se você nunca estivesse estado aqui por um instante sequer.
Se és forte assim tão forte segue o teu caminho e leva contigo os meus pedaços que também levastes de mim. Pedaços cujos espaços foram preenchidos pelo cansaço e pela dúvida de como seria se não tivesse sido assim. Pensando como encontraria tudo lá fora, onde estaria aquele corpo vazio se não tivessem me deixado sentado no escuro por tanto tempo, se eu não tivesse permitido isso. A dúvida de se realmente eu gostaria de voltar e carregar isso tudo por mais tempo, se vale à pena voltar e encontrar tudo da maneira que deixei, de se realmente estou preparado para quando o próximo suspiro me levar de volta e me devolver a mim.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

1º De Abril


Talvez devesse mesmo ser um dia engraçado. Enquanto muitos se divertem, alegres pelas surpresas causadas por suas verdades inventadas, ou perplexos com a facilidade com que foram conduzidos ao engano, cá estou eu, emudecido. Quieto, velando em silêncio cada sorriso meu que as minhas mentiras sepultaram.
Não venho aqui na hipócrita tentativa de dizer que não consigo mentir, nisso todos somos hábeis quando o queremos, mentir quase sempre é uma questão de opção e não de competência.Trago apenas o azedume cortante e sutil desse ato, cujo veneno só passou a me causar repulsa depois de muitas doses ingeridas e destiladas.
E possivelmente esta data seja tão celebrada por ser o único dia em que as pessoas não se sentem tão compromissadas com a verdade. Isso explicaria o meu lamento, minha relação com a verdade não é de obrigação, muitos menos de compromisso, é de necessidade mesmo. Atinge-se um nível em que adornos inventados não embelezam mais. Há um momento em que eles só servem para roubar a atenção que antes deveria ser direcionada ao pequeno punhado de alma contido em cada ação que realizamos.
E são com essas pequenas porções de vida que eu estabeleço o meu laço. Um elo que me une a minha essência, incapaz de trazer de volta as alegrias perdidas, mas suficiente para cultivar novos sorrisos, ainda mais intensos, sorrisos só meus.

sábado, 5 de março de 2011

SOBRE A DOR DO MESMO ERRO


Primeiro um erro, depois o outro, o mesmo. E assim vem a falha, depois a desculpa, e a tristeza. E então, mais do que a qualquer outra pessoa você promete a si mesmo não se deixar tropeçar novamente pela mesma pedra. “Permanecer no erro é burrice!” É assim que dizem, não? – Ninguém é tão desligado a ponto de deixar isso acontecer uma segunda vez! – Você pensa, e diz, e repete, e repete...
E no seu caminho você está tão cego pelo balanço de mar calmo que o vai e vem daquelas palavras causavam, que nem percebe que já passou por aquele lugar. Até você cair. O mesmo lugar, o mesmo erro, na mesma ferida, mas não a mesma dor.
É que machucar ferida aberta dói mais, e você havia prometido, você prometeu! É dor de vergonha, de lamento por não ser perfeito para quem se ama. Porque por mais que saibamos que a perfeição é uma utopia, é isso o que queremos, ser perfeitos.
E as palavras ditas em virtude do seu erro queimam mais que qualquer chama. Ferem porque você sabe que é culpa sua, porque você poderia ter evitado se fosse cuidadoso, porque você tem medo de que alguém seja a perfeição que você não é. E cada palavra digerida, cada verdade a você dita é uma lágrima salgando o teu rosto, ardendo como se você chorasse o mais forte dos ácidos. Mas você mereceu.
Sinceramente eu não me importo que as pessoas me machuquem, pois eu mesmo as machuco. Sei das minhas falhas, e da falta que fazem os detalhes que eu insisto em negligenciar, por isso eu as entendo. E embora em pedaços a minha dor logo passa se elas estiverem lá pra enxugar o meu pranto, pois assim saberei que apesar de tudo eu ainda sou amado.
E eu não posso fazer nada além de morrer tentando ser o melhor. Eu não posso deixar de amargar os meus desacertos, eu não sou capaz! E assim, imperfeito, cheio de falhas, muitas vezes repetidas, eu acordarei sempre motivado pelo mesmo desafio, o de ser para aqueles que amo alguém importante como a mais perfeita das pessoas jamais sonharia ser.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Dar De Mãos


Nunca entendi o porquê de eu gravar fatos isolados, muitas vezes tão irrelevantes para as pessoas à minha volta. Por diversas vezes me pego ouvindo novamente as palavras de outrora, reencontrando os olhares, assistindo incansavelmente as mesmas cenas, exatamente iguais a quando eu as guardei pra mim.
Aquela noite festiva foi muito marcante pra mim. Ao sabor da maresia, pessoas riam forçosamente comemorando o recomeço. Havia alegria naquele lugar, em muitos casos uma alegria destilada em garrafas e copos cheios de álcool, mas ainda assim era alegria.
Caminhei por entre eles durante algum tempo, perpassando homens e mulheres, que apesar de estarem aos montes, pareciam estranhamente isolados uns dos outros. Vislumbrei saudações embaladas por abraços fingidos, indiferentes. E vi sinceridade em meio a tanta gente, consegui enxergar demonstrações de carinho sendo dadas em silencio, estampadas em olhares, derramadas em gestos.
Já tomado pelo desejo daquilo que eu não tinha eu os percebo um pouco afastados. Sem articular uma palavra e num dar de mãos tímido que só eu e o mar parecíamos testemunhar, tomados de um silêncio cujo qual eu não conseguia ouvir o que queria dizer. Esperança, dor, amor... O fato é que não era só silêncio. E no meu fechar de olhos, naquele momento tão meu, de apelo, eram aquelas mãos dadas que eu via. Nunca me senti tão dono de uma situação em que eu era um mero espectador, mas de alguma maneira ela me pertencia, eu sei que sim.
É que nunca senti minhas mãos daquela maneira, jamais havia me dado conta do quão sozinhas elas eram até então, e é por estarem sozinhas que eu me entristecia. Fechar os olhos quase sempre representa fuga, a gente quase pode tocar nos nossos sonhos, posso dizer que sou capaz de sentí-los e aquela era a minha tentativa de me sentir de mãos dadas, nem que fosse por um instante, só pra que eu pudesse sentir um pouco como eles.
E quando você falou de nós, em segurar a minha mão assim, eu nem sei dizer o que senti de fato, mas foi algo tão nosso que eu prefiro mesmo não saber expressar. Prefiro que nosso silêncio se encarregue disso, que a sensação de não estar em lugar algum, de estar só com você me tome por completo. Prefiro não me importar com o tempo, mais importante é teu abraço. Eu, você e nossas mãos entrelaçadas.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pra Te Chamar Amor


Acho que nem sei mais quantas vezes já me surpreendi desacreditando no amor. Não no amor em si, esse eu sempre soube que existiu, nunca duvidei. É que sempre o vi como um privilégio, forte, puro. Uma virtude intensa, única. Uma dádiva grande demais pra mim.
Testemunhei sorrisos trazidos pelo amor. E o vi causar prantos incessantes com a mesma facilidade que transmitia a alegria, ou talvez com mais força. Atestei isso por diversas vezes, e invejei. Invejei porque precisava dele. Nunca tinha visto a face desse amor, já acreditei que o tivesse, mas ele nunca olhara pra mim, pra mim não. O fato é que esse tal amor era quase um desconhecido pra mim, um “fulano” de quem alguém falava de vez em quando e cujo nome eu jamais gravei.
E eu estava decidido a abraçar a solidão, enfim. Tão determinado a amargar os meus dias que quando percebi já havíamos sido apresentados, eu e você. Lá estávamos nós, envolvidos, marcados como que “frente a frente”, unidos. Tentando sem o menor sucesso esconder de nós mesmos aquela emoção já semeada e que agora crescia tão rapidamente. Dando a ela um nome engraçado, só nosso, só para não reconhecer o nome que ela já tinha, só pra não chamar de amor.
“É que amor é tão sério!” Sabíamos disso, sempre soubemos. E por mais medo que houvesse, por maior que fosse o receio de sofrer, nada era tão forte quanto a nossa vontade de viver, quanto a nossa necessidade de nos amarmos. 
Sei que nada compensa a presença. Que o beijo aguardado será sempre essencial. Sei que os olhos sempre falarão mais que qualquer palavra dita ou mesmo não dita. E o quanto é importante que o teu cheiro esteja em mim. Sei que o tremor do toque só o toque pode causar.
E neste hoje tão nosso quero te dizer que sempre estive errado. Preciso dizer que você é uma dádiva muito maior do que um dia eu imaginei conquistar, que gravei não só o seu rosto, mas que até o som de cada batida do meu coração, desse coração que é teu, me faz lembrar teu nome. Preciso dizer que independente do nome que venhamos a dar, nosso amor será sempre amor. Porque cada palavra sua, cada sorriso meu, cada parte de nós dois o fazem assim. Preciso dizer que te amo e que sempre serei teu. Que os meus dias são sempre especiais desde que teu nome foi escrito junto ao meu, apagando uma história minha e criando uma nova, só nossa. Uma história muito mais especial do que eu jamais poderia sonhar viver.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pra Que Não Deixes De Habitar Em Ti

Quase nunca fui capaz de entender perfeitamente o porquê de certas ações daqueles em minha volta. Confesso que muitas vezes nem me esforcei para isso. Sempre preferi pensar mais no meu mundo, reviver minhas dores, reavivar os sorrisos perdidos, os meus, meus.
Era egoísmo, eu sei. Ainda é! Não posso simplesmente omitir este defeito, não seria justo sequer comigo. Mas a questão não é essa, não é disso que se trata. Ainda não é o momento de me expor assim, em defeitos tão íntimos, e que por mais fissuras que sejam neste meu eu ideal, esses defeitos sempre me lembraram de quem sou, de que eu preciso olhar pra mim.
É que te vejo tão inquieto em se tratando das outras pessoas. Tão categórico em suas taxações Usando sempre essa mesma mascara de superioridade opaca e molde menor que o teu rosto que não tenho sido capaz de te enxergar.
Diga-me, como tudo aconteceu?  Em que momento, se é que tu o sabes, deixastes que tua vida sucumbisse para se tornar uma mera extensão de vidas que não te pertencem? Quando te tornastes um desafiante tão eficiente da capacidade alheia, um conjugador tão exímio da terceira pessoa?
Pensei que já tinhas aprendido que aparências pouco testemunham sobre as pessoas. Por muitas vezes lamentei a sintonia que não temos, mas vejo que o doente em questão não sou eu. Sinceramente não sei como consegues achar tão atrativas essas vidas que não te pertencem. Apelo para que o egoísmo te tome ao menos um pouco e te permita reinventar-se enquanto ainda habitas em ti.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Frieza Iminente

O que acontece com o coração aflito a ponto dele se tornar aquilo que ele mais abomina? Como atenuar a palavra dura, dita com tamanha inconseqüência que é capaz de machucar até quem a proferiu? Quantas vezes mais esses olhos transbordarão lágrimas secas, de dor contida, de silêncio apático?
São apenas interrogações. Lacunas que sinto crescendo cada vez que falho ao tentar lidar com emoções. Angústias que alimentam um coração batida por batida subjugado pela frieza que tanto desejei afastar de quem sou e que silenciosamente permeia uma parcela cada vez maior das minhas ações.
Jamais quis ferir assim aqueles que amo. Não é desta forma, com indiferença, que eu quero cultivar o amor que me foi entregue com tanta alegria. É como se só uma parte de mim, a mais racional e incolor delas, falasse por um EU inteiro. E calasse a parte que sente, que em seu desespero pulsa enclausurada e sufocante em mim.
Com olhar insípido e garganta dolorida, inflamada por cada palavra que quis dizer e não disse, contemplo a desilusão emergindo daquelas vozes embargadas, acompanhadas pelos mais fortes suspiros. Lá estava eu, um espectador inexpressivo da dor por mim causada, perplexo, implodindo.
E assim, de aspecto fortemente blindado e íntimo em ruínas é que acompanho a ação da frieza que destilei. Tentando incansavelmente reaprender a pronunciar as emoções com o calor que elas exigem.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Redenção Vertida

Aquele era um dia qualquer. Ele mais uma vez lançava as suas palavras. Essa prática estava sendo cada vez mais constante no seu cotidiano: verbalizar. Atropelando-se a si mesmo tudo o que ele queria era livrar-se daquelas palavras contidas, era uma busca contínua pela dádiva de ser ouvido. Nunca chegou sequer se imaginar enquanto falava, jamais se dera conta da sua postura sutilmente angustiante ao vomitar suas emoções.
E enquanto ele  se via perdido na sua ânsia por discursar, preso nos muros estruturados por seus enunciados, aquela mensagem tênue, embalada por uma voz familiarmente suave encontra os seus ouvidos e se aloja em sua mente com a mesma delicadeza do silêncio de uma explosão. “Você precisa perdoá-lo”. Até então ele não tinha refletido sobre essa necessidade.  E foi tão categórico ao dizer que não havia nada a ser perdoado, negou de forma tão intensa que sentiu o proferir da sua incerteza. Essa dúvida havia lhe causado um corte tão profundo que por breves instantes  pode sentir algo, era como se sangrasse.
Sangrava porque não encontrava o que nele precisava ser restabelecido pelo perdão. Vertia uma frustração fomentada por uma ferida aberta, que aborrecia, latejava e ele nem sequer sabia onde doía. Sabia que ela existia e que enquanto ela não cicatrizasse sua vida continuaria a escorrer, sendo gota a gota derramada.
É que de nada vale perdoar se não se sabe onde fica a ferida. É como ter a cura de uma doença que você não tem, pode salvar muitas vidas, só não a sua. Talvez um dia a ferida sare e a dor cesse, talvez não. Ele só espera encontrá-la a tempo de impedir o gotejar do último vestígio da alegria que lhe resta.  

domingo, 9 de janeiro de 2011

És Único, Amor

Seu coração palpitava de uma maneira como há muito não sentia. O Som daquela voz no seu ouvido, aquele olhar envolvente, cativante... sentia-se tomado de si mesmo por alguns súbitos instantes. Inundado por um desejo daquela companhia, cativado e mais que qualquer outro sentimento, sentia-se amado.
Não venho aqui descrever um amor inexistente, avulso da realidade. Não devo criar uma utopia, aliás, eu não quero. Trago um amor humano, real, imperfeito. Apresento uma emoção incompleta. E que por isso, por ser inacabada, é que acaba sendo tão almejada.
Jamais saberei o conforto que o toque da pessoa amada pode te causar. Não sou capaz de dimensionar a sua alegria no momento em que vocês se encontram. Tudo o que posso sentir é o quanto cada defeito de quem amo pode me fazer completo, o quão rápido o tempo pára diante de meus olhos quando ouço que sou amado. Essas sensações são só minhas.
Peço que não atentes para as minhas contradições, que releve as minhas incoerências. É que sinto que não há coerência no meu amor, não consigo enxergar onde ele começa, muito menos onde ele termina.
Ignora as minhas lacunas que deixei. Pois nem mesmo eu sou capaz de preenchê-las sozinho. Lembra-te do último momento em que te sentistes assim, especial... tenta me entender! Prova uma dose deste amor, experimenta dessa sensação desconcertante e pouco racional. Prova e só então me diga o quão pessoal ela pode ser.