(...)
— É que eu tenho medos, sabe?
Medo de que as coisas não dêem certo, medo de não ser o momento, sei lá...
— Eu sei, entendo você. Eu também
tenho esses medos. Mas sabe, e eu vou falar por mim agora, eu não quero deixar
que o meu medo me impeça de viver tantas coisas felizes que estão acontecendo,
entende? Eu não queria mais ter tanto medo do que quer que seja, quero dizer,
eu não sei do futuro, sabe? Não sei o que pode acontecer amanhã, e a única
chance de saber é não me apegando a esses temores, entende?
— É, eu concordo com você...
— Não estou aqui falando em
promessas e votos de pra sempre, sabe? Não quero construir ilusões nem prever o
futuro porque eu não tenho essa habilidade. Estou olhando pro presente, e o meu
hoje está tão bom, que há alguns dias eu venho me perguntando: por quê
não?
— Mas é que sei lá...Quer
dizer... Na verdade eu nem sei o porquê de eu estar discutindo isso com você se
eu concordo com tudo o que você disse. Você está certo e eu nem tenho como
negar isso.
— Eu não sei bem se é questão de
discordar ou concordar. Mas é que a gente nunca sabe qual é a chance da vida da
gente, e se a minha chance for essa eu não gostaria de deixar ela passar, não
quero que no futuro eu olhe pra trás, me lembre de você e me pergunte como eu
poderia ter sido feliz, sabe?
(...)
— E se eu te pedisse em namoro
agora?
— Eu aceitaria!
— Bem, então...
Passei pelo menos dois dias
tentando articular essa conversa. Imaginando expressões, momentos certos para o
que quer que fosse e até respostas para qualquer réplica que você me lançasse.
Pensei em mil maneiras de te falar tudo, de te dizer o que eu sentia e de como
eu desejava que as coisas fossem dali em diante. Tinha medo de pular qualquer
etapa, de me precipitar e perder tudo de tão especial que nós tínhamos até ali.
Os dias vinham seguindo numa tranquilidade e alegria que por alguns momentos parecia simplesmente inacreditável. Pouco a pouco você ia se tornando mais presente nos meus pensamentos e nossos momentos juntos carinhosamente recordados desde o primeiro deles.
Naquele momento, diante de você,
enquanto toda a minha conversa mentalmente planejada ruía e dava lugar a um
discurso improvisado, a minha mão tremia tímida e gelada sobre a minha perna de
maneira que eu só conseguia perceber o quanto era bom estar contigo. Tudo o que
eu mais queria era segurar a tua mão, te abraçar e assim permanecer por tempo
suficiente para que fosse possível gravar cada detalhe do que estava acontecendo,
para que eu pudesse sorrir cada vez que eu recordasse desse amor que estava por
nascer.
— Bem, então o que você acha de
nós... quero dizer... Você aceit...
— Ok,eu aceito!
Vinte de agosto, eu, perdido na
minha fala confusa, tentava te pedir a chance de continuar retribuindo todo o
bem que você estava me fazendo até que você me interrompe com um sim tão direto
a ponto de me fazer feliz de uma maneira que eu nem lembrava mais ser possível
de se sentir.
♥
Foto: David Pereira
*___*
ResponderExcluirApenas lindo.
muito tempo sem postar...
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