domingo, 17 de abril de 2011

Passos

Esse foi um dos presentes mais incríveis que alguém poderia ter me dado no meu aniversário, fiquei emocionado com as palavras e com todos os momentos recordados nas fotos colocadas. Lembrança do amigo que apesar da pouca convivência que hoje temos, continua sempre comigo!


"Queria te dar algo que fosse só teu, que ninguém tivesse igual, por isso humildemente decidi te escrever.
Esse texto é, antes de tudo, uma ode a tua vida e aos bons momentos dela que eu estive por perto,
assim espero que as mihhas palavras amadoras te falem tão alto quanto a mim falaram."

(Deyvon Pereira) 




sábado, 16 de abril de 2011

Nineteen

E quando a gente acorda percebe que nada está diferente.
Quantas vezes fui dormir imaginando o contrário? Receoso pelo que, na minha mente, estaria a me aguardar no outro dia, no meu grande dia? Eu era apenas uma criança e a magia de seu aniversário.
Fechava os olhos e desejava que o dia chegasse logo, não pelos presentes, mas pelo sabor de novidade que eu adquiria para as pessoas. Todos me olhavam e sorriam, e me afogavam em abraços, e festejavam... Eu levantava da cama escondido em um sorriso que só deixaria o meu rosto quando eu retornasse para ela, um momento que eu tentava adiar o máximo que eu pudesse.
A gente aprende tanto, algumas vezes até nos tornamos aquilo que não queremos. Mudamos tanto e curiosamente acabamos sendo a mesma pessoa. Lembro daquela lágrima escorrendo do meu rosto, dizendo vitoriosa que as coisas quase nunca vão acontecer da maneira como eu desejava. Foi aí que ela foi engolida pelo chão e me deixou novamente sozinho com a minha dor. Até hoje eu tento aprender essa lição.
É que a gente cresce e quer que a magia do aniversário continue a mesma e quando a gente acorda, quando percebemos que nada está diferente, onde esconder essa pequena frustração? Ainda se é a atração do dia, mas por que isso não parece suficiente? E aquele sorriso que me fazia esquecer de mim mesmo? Terá ele ido embora junto com o meu velho colchão?
Sei que se ainda há magia é porque vale à pena, mas ainda não estou pronto para soprar as velas do meu encanto e ver a carruagem do meu sonho voltar à forma de abóbora, eu ainda não me acostumei!
E essa diferença que tanto quero, esta que nos dias do meu passado era mesmice, é a que me lembra de que apesar do tempo me presentear esta realidade de dever ser responsável e forte, ainda me faz ver diante do espelho, além dessa barba fechada, a mesma criança de olhos fechados, pronunciando todos os anos a mesma expectativa: “Amanhã só vão faltar 364 dias!”

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Viagem Para Dentro De Si

E então o tempo pára. Os ruídos cotidianos vão sendo pouco a pouco abafados, como que indo pra longe. Os movimentos agora são quase inexistentes, o inconsciente trabalha rápido demais para esboçar qualquer ação. Agora, só corpo e olhar distante estão ali, estáticos, à espera de que a alma retorne de sua viagem para si mesma.
Cada inspiração é um momento lembrado, rapidamente deixado pra trás na tentativa de encontrar algum outro, não de alegria, não sorriso, à procura é por dor mesmo. E em meio a desesperança, quando se pensa em desistir, é que se acha. Lá estava ele, em meio a tantas coisas esquecidas, encostado na parede fria, sentado com seus joelhos dobrados, segurando o choro como desde muito cedo ensinara a si mesmo a fazer, se perguntando apenas o porquê.
A solidão era a sua única acompanhante fiel. Sentia falta daqueles amigos de infância que nunca existiram, já que os amigos de agora, nunca lhe viram muito de interessante, mas ele estava sempre lá, sorrindo das histórias contadas nos pequenos grupos, querendo ajudar, na tentativa de ser aceito. Infelizmente eles eram a melhor referência de amizade que as circunstâncias lhe permitiam ter até então, e ele só queria ser incluído, tudo o que ele desejava no fim das contas era fazer parte.
Ter diante de si aquela criança que desde sempre foi desajeitada, que tinha um jeito de ser muitas vezes incompatível com o da maioria, era como rever os sorrisos de chacota que atraia pra si. Era como ouvir novamente detalhe por detalhe daquelas piadas que pareciam não ter fim. Era recordar o sorriso sem graça que tantas vezes estampou-lhe o rosto, como que na tentativa de dizer “Eu não me importo!”
Diga-me, quem não se importa no fim das contas? Como não se deixar entristecer se cada deboche era um pedaço que lhe arrancavam? Como esquecer tudo? Eu sei que é fraqueza, não há como esconder. Mas encolha-me a mão aquele que é forte! Mantenha-me aqui, de joelhos nesse canto escuro, em choro seco, como se você nunca estivesse estado aqui por um instante sequer.
Se és forte assim tão forte segue o teu caminho e leva contigo os meus pedaços que também levastes de mim. Pedaços cujos espaços foram preenchidos pelo cansaço e pela dúvida de como seria se não tivesse sido assim. Pensando como encontraria tudo lá fora, onde estaria aquele corpo vazio se não tivessem me deixado sentado no escuro por tanto tempo, se eu não tivesse permitido isso. A dúvida de se realmente eu gostaria de voltar e carregar isso tudo por mais tempo, se vale à pena voltar e encontrar tudo da maneira que deixei, de se realmente estou preparado para quando o próximo suspiro me levar de volta e me devolver a mim.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

1º De Abril


Talvez devesse mesmo ser um dia engraçado. Enquanto muitos se divertem, alegres pelas surpresas causadas por suas verdades inventadas, ou perplexos com a facilidade com que foram conduzidos ao engano, cá estou eu, emudecido. Quieto, velando em silêncio cada sorriso meu que as minhas mentiras sepultaram.
Não venho aqui na hipócrita tentativa de dizer que não consigo mentir, nisso todos somos hábeis quando o queremos, mentir quase sempre é uma questão de opção e não de competência.Trago apenas o azedume cortante e sutil desse ato, cujo veneno só passou a me causar repulsa depois de muitas doses ingeridas e destiladas.
E possivelmente esta data seja tão celebrada por ser o único dia em que as pessoas não se sentem tão compromissadas com a verdade. Isso explicaria o meu lamento, minha relação com a verdade não é de obrigação, muitos menos de compromisso, é de necessidade mesmo. Atinge-se um nível em que adornos inventados não embelezam mais. Há um momento em que eles só servem para roubar a atenção que antes deveria ser direcionada ao pequeno punhado de alma contido em cada ação que realizamos.
E são com essas pequenas porções de vida que eu estabeleço o meu laço. Um elo que me une a minha essência, incapaz de trazer de volta as alegrias perdidas, mas suficiente para cultivar novos sorrisos, ainda mais intensos, sorrisos só meus.