O que acontece com o coração aflito a ponto dele se tornar aquilo que ele mais abomina? Como atenuar a palavra dura, dita com tamanha inconseqüência que é capaz de machucar até quem a proferiu? Quantas vezes mais esses olhos transbordarão lágrimas secas, de dor contida, de silêncio apático?
São apenas interrogações. Lacunas que sinto crescendo cada vez que falho ao tentar lidar com emoções. Angústias que alimentam um coração batida por batida subjugado pela frieza que tanto desejei afastar de quem sou e que silenciosamente permeia uma parcela cada vez maior das minhas ações.
Jamais quis ferir assim aqueles que amo. Não é desta forma, com indiferença, que eu quero cultivar o amor que me foi entregue com tanta alegria. É como se só uma parte de mim, a mais racional e incolor delas, falasse por um EU inteiro. E calasse a parte que sente, que em seu desespero pulsa enclausurada e sufocante em mim.
Com olhar insípido e garganta dolorida, inflamada por cada palavra que quis dizer e não disse, contemplo a desilusão emergindo daquelas vozes embargadas, acompanhadas pelos mais fortes suspiros. Lá estava eu, um espectador inexpressivo da dor por mim causada, perplexo, implodindo.